Por Alcimar Antônio de Souza
A situação do assassinato da vereadora Marielle não pode nos conduzir a pensamentos mais desumanos, nem pode nos levar a um ódio inexplicável de pessoas rotuladas como de esquerda ou de direita.
Lamento pelas mortes na Síria. Lamento pelas mortes de policiais que estavam em defesa da sociedade. Lamento pela morte de inocentes por balas perdidas nas grandes cidades.
E tenho também o direito e até a obrigação cristã de lamentar a morte de Marielle Franco, que como defensora dos direitos humanos defendia todos que dela precisassem, inclusive policiais militares.
Não podemos negar que a morte de figuras como Zumbi, Tiradentes, Lamarca, Marighela, Margarida (líder sindical da PB), Chico Mendes e Marielle Franco, apenas pra citar alguns, tem um peso social e histórico maior.
Essas mortes atingem projetos, esperança, modelos de busca de justiça social e beneficiam sistemas autoritários, nada democráticos.
Não podemos esquecer que se atualmente temos a liberdade de dizer o que pensamos nas redes sociais, devemos isso àqueles que perderam a vida ou a liberdade por essa causa, que enfrentaram com honra e coragem o regime de ditadura militar. Hoje é fácil falar mal desses heróis. Difícil foi pra eles durante a ditadura, um regime que ganha aplausos de um idiota que almeja ser presidente da República.
E não se diga que na ditadura não havia corrupção. Quem tinha coragem pra investigar? Aliás, onde existiam os meios de investigação?
Por fim, não culpem os defensores dos direitos humanos pela violência que nos massacra. Culpem o Poder Público, que não se faz presente nos bolsões de miséria das grandes cidades, e somente chega lá com a Polícia; e, culpem os usuários de drogas, que sustentam o poder dos traficantes de drogas, responsáveis por grande parcela da onda de violência que nos atinge.
No mais, aproximemo-nos de Deus e sejamos mais humanos. Se nos tornarmos pessoas melhores, teremos um mundo melhor.
Alcimar Antônio é advogado.
