O general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, decidiu marchar em descompasso com os demais integrantes do alto comando da trama golpista. Sua defesa, entregue nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal, destoa da dos demais.
No geral, os advogados de Bolsonaro e dos seus cúmplices dedicaram-se a desqualificar a denúncia do procurador-geral Paulo Gonet,questionar a atuação do relator Alexandre de Moraes e torpedear o delator Mauro Cid.
Os defensores de Paulo Sérgio abstiveram-se de contestar o que está na cara.
Em vez de negar a trama exposta na denúncia, a defesa do general sustentou que ele “atuou ativamente” para evitá-la.
Alegou-se que estava do mesmo lado do general Freire Gomes, o comandante do Exército que se recusou a assinar o decreto do golpe exposto por Bolsonaro.
Ao invés de atacar Mauro Cid, os advogados de Paulo Sérgio evocaram trecho de depoimento no qual o delator disse que o general temia que Bolsonaro assinasse “uma doideira”.
Os argumentos expostos na defesa de Paulo Sérgio abrem um fosso entre ele e outros dois generais: Braga Netto e Augusto Heleno.
A pretexto de negar que seu cliente integrasse a organização criminosa do golpe, os advogados anotaram que Paulo Sergio não foi mencionado no acervo do golpe como integrante do gabinete de crise que se instalaria no Planalto após a eliminação de Lula, Geraldo Alckmin e Moraes.
O plano Facão Verde Amarelo, um dos documentos apreendidos pela PF, previa que a crise pós-golpe seria gerenciada por um gabinete comandado pelos generais Heleno (chefe) e Braga Netto (coordenador).
A defesa preliminar de Paulo Sérgio não é insuficiente para tirar o seu pescoço da forca. Mas fornece corda extra para o enforcamento de Bolsonaro e seus cúmplices.
Por Josias de Souza no portal UOL
Obs: O General Paulo Sérgio é tio de Nayara Gadelha, ex-vice-prefeita de Mossoró. Nayara foi candidata a vice-prefeita nas últimas eleições, na chapa do PL, partido de Bolsonaro.