Por Carlos Eduardo Alves
Adolescente, caíram em minhas mãos as memórias do ex-presidente Juscelino Kubitschek, cujo título é A Escalada Politica- Meu caminho para Brasília, volume 1,2 e 3.
As novidades literárias entravam em minha casa quase sempre levadas por Aluízio Alves, que estimulava a curiosidade intelectual do seu irmão Agnelo Alves desde a enfermidade de papai na juventude que o afastou dos bancos escolares, passando pelas redações dos jornais cariocas quando trabalharam juntos e por muito tempo vida afora.
Aluízio Alves tinha quatro irmãos homens, mas só o irmão caçula, Agnelo, tinha além da vocação política a veia jornalística como ele. Por isso, tinham mais afinidade. Eu, por tabela, me beneficiei disso, tendo acesso a boas leituras e a consciência da sua importância.
Li avidamente as memórias de JK, o estadista brasileiro que às páginas tantas, no capítulo que aborda seu período como prefeito de Belo Horizonte na década de 40 do século passado, menciona a criação de um festival literário que promoveu culturalmente a ainda provinciana capital mineira, inclusive o rumoroso episódio que envolveu o palestrante escritor Oswald de Andrade e o estudante Oto Lara Resende.
A diatribe foi barulhenta entre os dois e precisou da intervenção do prefeito para serenar os ânimos. Em 2005, prefeito de Natal, tendo esta passagem e este episódio na memória, chamei o presidente da Funcart, Dácio Galvão, para elaborar um projeto de festival literário e, com entusiasmo, discutimos a ideía.
Dias depois, o presidente da Funcart recebeu a informação que o escritor e jornalista Zuenir Ventura estaria em João Pessoa, o que seria uma boa oportunidade de conversar com ele sobre o nosso projeto. Conforme combinamos, Dácio foi um dia antes. No dia seguinte, tive a alegria de receber os dois no hotel em que me hospedara, quando expus a ideia do festival literário e pedi sua colaboração para levarmos a efeito tão importante acontecimento para a vida cultural de Natal.
O escritor e jornalista aceitou de pronto as bases do projeto e 30 dias depois estávamos no Rio de Janeiro, eu e Dácio, discutindo temas e nomes para o Festival Literário de Natal, a se realizar todos os anos no mês de novembro, abrindo o Natal em Natal, o maior evento cultural de nossa cidade criado em nossa gestão. Voltava assim ao Rio de Janeiro, onde estudei, para um encontro prazeroso com Zuenir Ventura todo ano, no mês de junho. Nestas ocasiões, eventualmente tínhamos a participação de Rui Castro, Afonso Romano de Sant,’ Ana, Murilo Melo Filho, Villas Boas Corrêa, Geraldo Carneiro e Antônio Cícero, todos colaborando com a vida cultural de nossa cidade.
Sou leitor e acredito que a leitura expande a mente, alarga os horizontes e cria novas perspectivas de vida para o cidadão que, mais informado, passa a descortinar um novo universo. Como administrador, reconheço bem o valor da leitura para quem precisa ter uma visão a cada dia mais panorâmica, num mundo onde conhecimento é vital.
Carlos Eduardo é ex-prefeito de Natal
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