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A Corrupção está em todos os setores, afirma Gutermberg Dias.

Gutemberg Dias (Foto: publicação)

O entrevistado de hoje no nosso quadro 6eis Perguntas é o geógrafo, ex-candidato a prefeito de Mossoró e pré-candidato a deputado estadual, Gutemberg Dias. Gutemberg é um comunista histórico, sem radicalismo e nada extremado. Em conversa com o blog, falou sobre a dificuldades enfrentadas pelo seu partido, o PC do B, ao longo dos anos, discorreu sobre o avanço do partido com a candidatura da deputada Manoela D’Avila, além do posicionamento da sigla nas eleições que se avizinham no RN. Entrevista muito interessante e vale muito à leitura.  

1 – O que é ser comunista no século 21?

GD- Ser comunista no século 21 é, ainda, acreditar que podemos ter uma sociedade mais justa e com uma divisão social da riqueza de forma mais equânime. Agora não é tarefa fácil, parte da sociedade foi durante muito tempo formada a ver a questão do socialismo/comunismo como algo que não serve para o mundo que vivemos. Por isso, em vários momentos da história, aqueles que pensaram diferente foram taxados de comunista. Acredito que nossa sociedade um dia poderá mudar esse pensamento, mas sei que não é fácil. Hoje, com a retomada do obscurantismo político, muitos usam as redes sociais para vociferar contra os que fazem parte de partidos políticos que defendem o socialismo, infelizmente!

2 – O PC do B, nas eleições presidenciais, sempre apoiou o PT, e em 2018 vai lançar candidatura própria, a da deputada do Rio Grande do Sul Manuela D’Àvila. O golpe de 2016 teve alguma influencia nessa mudança?

GD- O PCdoB ao longo de sua construção histórica viveu grande parte dos seus 96 anos na clandestinidade. Isso levou o Partido a ter posicionamentos que não contribuíram efetivamente para o seu crescimento, como aconteceu com outras legendas. Para você ter uma ideia só passamos a pensar em disputar efetivamente eleições majoritárias em 2005 e depois de grandes discussões internas. A candidatura de Manuela à Presidência da República tem um papel importantíssimo nessa quadra política, ela sinaliza para a sociedade que o PCdoB tem identidade própria, bem como, vai abrir um diálogo franco apresentado o que o Partido pensa para o Brasil. Temos a convicção que sempre fomos os parceiros do PT de primeira hora, mas chega o momento que precisamos mostrar a cara e apresentar ao povo brasileiro tudo o que foi acumulado de conhecimento do Brasil ao longos das últimas décadas e sinalizar que podemos dar um outro rumo a esse país. Manuela D’ávila está andando pelo Brasil defendendo nossas ideias que hoje tem um viés muito forte no desenvolvimento nacional.

3 – O senhor, nas últimas eleições, foi candidato a prefeito de Mossoró obtendo uma votação expressiva, mais de 11 mil votos, cerca de 9% dos votos válidos, e agora, se lançou como pré-candidato a deputado estadual. O senhor espera repetir essa votação?

GD- Eu acredito que a população Mossoró entendeu nosso projeto em 2016. Falamos o que poderíamos fazer efetivamente por Mossoró, naquele momento não queríamos vender ilusão, mas dar esperança ao povo que é possível administrar Mossoró de outra forma. Por isso, tivemos, num dos piores momentos da esquerda, uma votação nunca alcançada por candidatos vindos dessa linha de pensamento ideológico. Em função disso, penso que os mossoroenses poderão repetir a votação em mim, quiçá, aumenta-la, já que está claro que grande parte da sociedade não quer votar nos nomes tradicionais. Esse sentimento eu consigo identificar nas ruas quando sou abordado por pessoas que, muitas vezes, me conhecem da campanha e que não tenho contato frequente.

4 – As eleições de 2018 se avizinham, o PC do B apoiará a candidatura da senadora Fátima Bezerra ao governo e da deputada Zenaide Maia ao senado, mesmo com parte da esquerda do Rio Grande do Norte entendendo que a deputada votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e votou a favor da denúncia contra Michel Temer por conveniência nestas votações, e que de ideologia de esquerda ela não tem nada?    

GD- O PCdoB defende uma Frente Ampla que pense o Brasil e, obviamente, o Rio Grande do Norte. O Partido ainda não se decidiu pelo apoio a pré-candidatura de Fátima Bezerra, mas existe um sentimento muito forte por parte dos dirigentes em seguir esse caminho, dessa forma, a aliança com o PHS, que recebeu a filiação recente de Zenaide Maia, tem grandes chances de acontecer, já que é dado como certa a postulação da deputada ao Senado Federal em coligação com o PT. Mesmo tendo compreensão que a deputada não tem histórico familiar de esquerda, salvo por parte do esposo, ela vem mostrando desde quando assumiu o mandato uma postura mais progressista, destoando, inclusive, do partido que ela estava filiada até dias atrás. Sendo assim, acredito que a pré-candidatura ao senado de Zenaide Maia, se enquadra numa objetivo maior que é a unificação dessa Frente Ampla de cunho progressista que poderá travar o crescimento desenfreado do conservadorismo que vem tomando conta do Parlamento Nacional.

5 – A imprensa estadual anunciou a ida da vereadora Sandra Rosado (PSB) para o PC do B, o que até agora não aconteceu. Essa possibilidade realmente existe ou existiu?

GD- Como já foi visto a vereadora e seu grupo político fizeram opção partidária pelo PSDB. Não preciso esconder de ninguém que a direção nacional vem fazendo um esforço enorme para atrair lideranças políticas que queiram disputar cadeiras na Câmara Federal. Isso devido a instituição clausula de desempenho, ou coloquialmente dizendo, cláusula de barreira. Nesse contexto, a nossa presidente nacional, deputada federal Luciana Santos, que foi colega de Sandra na Câmara Federal e atuaram juntas quando ambas eram respectivamente líderes do partido, manteve um diálogo com a vereadora, mas que não teve nenhuma evolução à posteriori, como a imprensa é ligeira no gatilho, muitas vezes alimentadas pelos próprios atores, soltou essa informação como se fosse algo quase certo. Destaco que isso, também, aconteceu com o nome do deputado estadual Vivaldo Costa, que ventilou a um blog de Natal essa filiação sem ter conversado nada com o Partido.

6- Nos últimos dias o que vemos é uma revolta da população com a classe política. Como o senhor observa essa situação? 

GD- Essa revolta tem haver com a grande insatisfação em relação a questão da corrupção. Muitos políticos, não podemos generalizar, se aproveitam dos cargos públicos que estão investidos para fazer malversação com o dinheiro de todos nós. Agora é importante dizer, que essas práticas não é de agora e nem dos anos do governo do PT, como muitos insistem em dizer. Esse modelo de surrupiar os cofres públicos vem desde o império, mas parece que o brasileiro só descobriu isso agora. Outra coisa que me preocupa é que a população só enxerga que existe corrupção no meio político, ou seja, deixa de lado o judiciário, MP, os tribunais de contas entre outros. É preciso que a sociedade pense de forma macro, pois se não, com tanta ojeriza a classe política ela terminará sendo governada por quem ela não tem o poder de eleger. O que eu espero, sinceramente, é que esse sentimento de revolta tenha consequência positiva no que tange a eleição de novos nomes aos parlamentos e ao executivo, porém faço um apelo quanto a necessidade do povo ir as urnas e votar, só assim eles poderão influir numa real mudança. Caso contrário, nada mudará!

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